O Museu da Corrupção inaugurado pelo Diário do Comércio, segundo o jornalista Luiz Octavio de Lima, seria “para dar aos seus leitores uma medida referencial do que acontece de vergonhoso nos bastidores de todas as esferas de poder.” Fora “Pensado como um trabalho em permanente construção e dará destaque, em sua versão inaugural, aos 15 episódios mais rumorosos dos últimos anos no País. Entre eles, a Operação Satiagraha, a Máfia das Sanguessugas, o Escândalo do Mensalão, o caso do TRT de São Paulo (do juiz Nicolau "Lalau" dos Santos Neto), a Operação Anaconda e o incidente dos dólares na cueca."
Nota-se que é um trabalho de utilização da tecnologia bastante interessante. Ao navegar pelos ambientes do Museu, passei a me perguntar por que o destaque em sua versão inaugural aos 15 episódios dos últimos anos, isto é, exatos aqueles que envolvem o governo Lula? Ora, me parece que pare se querer Museu se teria que destacar/mostrar a corrupção endêmica que por aqui graça desde os tempos do Brasil - colônia. E, dessa forma, atingindo todas as instituições do Estado brasileiro e ampliando-se até mesmo ao indivíduo. Ou quem não se lembra da famosa Lei do Gérson: gosto de levar vantagem em tudo, certo? Ou mesmo na famosa expressão: você sabe com quem está falando?
Casou-me estranheza que não se veja uma discussão sobre a questão da Ética, algo intrínseco à categoria “corrupção”, não? Estranhei também (a essa altura da minha visita virtual, nem tanto, confesso) o fato de não se mostrar o que aconteceu com a venda das nossas estatais, por exemplo, na década de 90, entre muitas outras coisas que aconteceram nesse país. E os episódios ocorridos nas décadas de 70, 80 e 90? Uma coisa, não dá para negar, nos anos 2000 o combate a corrupção no Brasil foi emblemático e transparente, o suficiente para se ter informações para servirem de peças de “acervos” ao tal Museu da Corrupção. E isso também não se mostra!
Assim, prezados amigos, cautela e canja de galinha não faz mal a ninguém, eu repito aqui, porque parece que o tal Museu da Corrupção se trata tão somente de mais uma peça que tenta desmoralizar o Governo Lula (como as várias que está circulando na net) com vistas à campanha eleitoral para a presidência de república em 2010. Não fosse isso, veríamos aqui outra forma de apresentar a corrupção no Brasil, não? A começar pela própria forma que se apresenta esse museu: Corrupção como nunca se viu. Como nunca se viu?
Parece, também, que antes de exercer o nosso direito democrático de divulgar peças como essas do Museu da Corrupção, devemos abrir uma reflexão crítica do significado delas e os efeitos de sentidos que estão a buscar, principalmente , em páginas como a deste Blog Museus e Patrimônios: um outro mundo possível que carrega, por definição, a expressão de construção de outro mundo possível, como referência ao debate político que vem sendo construído e amadurecido no âmbito do Fórum Social Mundial, com o objetivo de contribuir e potencializar a expressão qualificada dos Museus e Patrimônio, pensando-os como instrumentos de transformação social. O que não é o caso do Museu da Corrupção on line do Diário do Comércio, como se pode pensar pelo que se vê.
Sei que nem todos nós estamos de acordo com o Governo Lula. E quero dizer aqui, que eu estou, com todas as críticas que tenho a ele, não somente no que toca a corrupção envolvendo pessoas ligadas ao PT e aos partidos aliados, mas, principalmente, porque poderia ser mais ousado, provendo a ruptura com o atraso, inclui-se aí reforma agrária, a demarcação das terras indígenas, a defesa dos povos da floresta, o combate aos juros extorsivos, a corrupção, claro, entre muitas outras coisas. Não o fez, e acabou algoz e vítima dela.
De qualquer forma, estou convencido que todos nós, os a favor e os contra, por um compromisso com a ética que temos, não podemos permitir que uma campanha eleitoral seja feita com base na desmoralização do Outro e sim no que propõe de melhor para a população. E cabe a todos nós a cobrança depois. Coisas do processo democrático!!!
Um fraternal abraço,
Cesar Baía
sexta-feira, 5 de junho de 2009
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Museu da Corrupção
A corrupção como nunca se viu
O Diário do Comércio inaugura o Museu da Corrupção on-line, para dar aos seus leitores uma medida referencial do que acontece de vergonhoso nos bastidores de todas as esferas de poder.
Por Luiz Octavio de Lima
No dia em que se comemoram os 509 anos do descobrimento do Brasil e em que a farra das passagens aéreas no Congresso ganha as manchetes do noticiário, o Diário do Comércio inaugura o seu Museu da Corrupção on-line, um espaço de exibição e reflexão sobre os escândalos que marcaram a história do País. Num primeiro momento, o site vai tratar do período entre a década de 1970 e os dias atuais. A proposta, porém, é recuar década a década, século a século, até os tempos coloniais. Afinal, não seria exagero afirmar que a corrupção nasceu quase em seguida ao descobrimento.
Em meados do século XVI, na Bahia do primeiro governador-geral, Tomé de Souza, já se roubava muito, conforme atestam os relatos da época. O próprio Padre Antônio Vieira escreveu um sermão intitulado 'Sermão do Toma", no qual atacava as autoridades locais que desviavam verbas dos cofres públicos e "tomavam" propinas. No tempo de D. João VI, o tesoureiro Targini tinha fama de desonesto e de ter enriquecido no cargo. Dele disse o fundador do jornalismo brasileiro, Hipólito da Costa (1774-1823), que, "sem outros bens mais que o seu minguado salário, tornara-se tesoureiro-mor do Erário, fora elevado a Barão de São Lourenço, em 1811, e era agora um homem riquíssimo, enquanto o erário se achava pobre". E completou: "Se a habilidade de um indivíduo em aumentar suas riquezas fosse por si só bastante para qualificar alguém a ser administrador das finanças de um reino, sem dúvida Targini devia reputar-se um excelente financista". Temos, portanto, longa tradição neste ramo, e dedicar um "espaço cultural" ao vasto acervo existente sobre o tema é uma iniciativa que já chega com atraso.
Pensado como um trabalho em permanente construção, o Museu da Corrupção on-line, cuja pesquisa inicial é da jornalista Kássia Caldeira, dará destaque, em sua versão inaugural, aos 15 episódios mais rumorosos dos últimos anos no País. Entre eles, a Operação Satiagraha, a Máfia das Sanguessugas, o Escândalo do Mensalão, o caso do TRT de São Paulo (do juiz Nicolau "Lalau" dos Santos Neto), a Operação Anaconda e o incidente dos dólares na cueca. A cada um será destinada uma "sala" com um relato, imagens e uma lista de reportagens que mostram a repercussão na grande imprensa.
O usuário do site do DC poderá encontrar na área a relação completa dos escândalos ocorridos desde o início da década de 1970 e de grande parte das operações realizadas pela Polícia Federal no período.
Haverá uma seção com sugestões de links sobre o tema da corrupção e outra com publicações recomendadas sobre o assunto. Nos próximos meses, serão agregadas uma "sala" de charges, uma linha do tempo ilustrada e destaque para o escândalo do momento.
O tour pelo Museu termina na lojinha da "instituição", onde o visitante encontrará lembranças como camisetas, algemas, aparelhos de escuta, malas pretas e até propinas virtuais.
Está em estudo a criação de um Wiki por meio do qual os leitores poderão enviar informações e contribuições. Desde já, no entanto, eles poderão comentar o conteúdo pelo endereço museu@dcomercio.com.br
http://www.dcomercio.com.br/especiais/2009/museu/projeto.htm
O Diário do Comércio inaugura o Museu da Corrupção on-line, para dar aos seus leitores uma medida referencial do que acontece de vergonhoso nos bastidores de todas as esferas de poder.
Por Luiz Octavio de Lima
No dia em que se comemoram os 509 anos do descobrimento do Brasil e em que a farra das passagens aéreas no Congresso ganha as manchetes do noticiário, o Diário do Comércio inaugura o seu Museu da Corrupção on-line, um espaço de exibição e reflexão sobre os escândalos que marcaram a história do País. Num primeiro momento, o site vai tratar do período entre a década de 1970 e os dias atuais. A proposta, porém, é recuar década a década, século a século, até os tempos coloniais. Afinal, não seria exagero afirmar que a corrupção nasceu quase em seguida ao descobrimento.
Em meados do século XVI, na Bahia do primeiro governador-geral, Tomé de Souza, já se roubava muito, conforme atestam os relatos da época. O próprio Padre Antônio Vieira escreveu um sermão intitulado 'Sermão do Toma", no qual atacava as autoridades locais que desviavam verbas dos cofres públicos e "tomavam" propinas. No tempo de D. João VI, o tesoureiro Targini tinha fama de desonesto e de ter enriquecido no cargo. Dele disse o fundador do jornalismo brasileiro, Hipólito da Costa (1774-1823), que, "sem outros bens mais que o seu minguado salário, tornara-se tesoureiro-mor do Erário, fora elevado a Barão de São Lourenço, em 1811, e era agora um homem riquíssimo, enquanto o erário se achava pobre". E completou: "Se a habilidade de um indivíduo em aumentar suas riquezas fosse por si só bastante para qualificar alguém a ser administrador das finanças de um reino, sem dúvida Targini devia reputar-se um excelente financista". Temos, portanto, longa tradição neste ramo, e dedicar um "espaço cultural" ao vasto acervo existente sobre o tema é uma iniciativa que já chega com atraso.
Pensado como um trabalho em permanente construção, o Museu da Corrupção on-line, cuja pesquisa inicial é da jornalista Kássia Caldeira, dará destaque, em sua versão inaugural, aos 15 episódios mais rumorosos dos últimos anos no País. Entre eles, a Operação Satiagraha, a Máfia das Sanguessugas, o Escândalo do Mensalão, o caso do TRT de São Paulo (do juiz Nicolau "Lalau" dos Santos Neto), a Operação Anaconda e o incidente dos dólares na cueca. A cada um será destinada uma "sala" com um relato, imagens e uma lista de reportagens que mostram a repercussão na grande imprensa.
O usuário do site do DC poderá encontrar na área a relação completa dos escândalos ocorridos desde o início da década de 1970 e de grande parte das operações realizadas pela Polícia Federal no período.
Haverá uma seção com sugestões de links sobre o tema da corrupção e outra com publicações recomendadas sobre o assunto. Nos próximos meses, serão agregadas uma "sala" de charges, uma linha do tempo ilustrada e destaque para o escândalo do momento.
O tour pelo Museu termina na lojinha da "instituição", onde o visitante encontrará lembranças como camisetas, algemas, aparelhos de escuta, malas pretas e até propinas virtuais.
Está em estudo a criação de um Wiki por meio do qual os leitores poderão enviar informações e contribuições. Desde já, no entanto, eles poderão comentar o conteúdo pelo endereço museu@dcomercio.com.br
http://www.dcomercio.com.br/especiais/2009/museu/projeto.htm
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